A devoção do escapulário |
submetido ao fogo purificador para que suas faltas ou penas sejam perdoadas até o momento em que se possa encontrar a Deus. É uma realidade da vida póstuma, da qual, pela crescente crise de Fé, está sendo esquecida. Pelo fato de esta verdade estar sendo esquecida, muitas almas que estão nesse lago purificador, devem esperar e sofrer com mais intensidade que em outros tempos mais gloriosos da Santa Igreja. Entretanto, como não esquecer destas santas Almas?
Deus Nosso Senhor, nos criou com três propósitos para esta
vida: conhecê-lo, amá-lo e servi-lo. Existe para que se possa alcançar estes
propósitos, os meios legítimos dos quais usamos, para que nos fazemos capazes
de cumprir a finalidade que é a visão de Deus na outra vida. Portanto, qualquer
católico, recebe os meios necessários para que se possa atingir a visão de Deus
diretamente após a morte. Como fomos criados com esta finalidade específica, é
o natural da alma elevada à vida sobrenatural pela Graça, logo após a morte,
ter diretamente a posse de Deus.
Segundo dizem os teólogos, sabemos que o fogo do purgatório
é comparado ao fogo do próprio inferno. É um fogo que queima diretamente a
alma, como no inferno. Entretanto, segundo a opinião mais aceita, não há
demônios que as torturem como há no fogo eterno. Porém sofrem... sofrem quase
como se sofressem na fornalha onde está Satanás e seus anjos. No purgatório, existe,
porém, a virtude da Esperança de ver a Deus. A alma está constantemente
desejando chegar a seu fim, pedindo incessantemente a intercessão da Virgem
Maria, dos santos e dos anjos para que eles possam liberá-la daquela situação,
ademais de estar constantemente sob um sofrimento profundo do qual temos poucas
notícias aqui nesta peregrinação terrenal.
O intuito deste escrito, entretanto, não seria descrever exatamente
as condições particulares da alma, mas saber como não as esquecer. Vamos
adiante até o final. Algumas almas permanecem mais "tempo" que
outras. Vejam que na outra vida, o tempo tal como conhecemos, não existe. Elas
dependem de nossos sacrifícios, sufrágios, Missas e orações para que possam ir
avançando até a visão beatífica. Deus as ama profundamente, elas amam a Deus
com um amor esperançoso, mas quase desesperador, Nosso Senhor busca a alma e a
alma busca a Deus. Isso é tão certo, que em algumas ocasiões Deus permite que
os fiéis vivos, como alguns relatos já vistos na história da Igreja, tenham
certo conhecimento experimental sobre a vida das almas no purgatório, como
descreve a experiência de Santa Perpétua:
Enquanto está em uma prisão tem uma dupla visão onde vê a seu irmão que
tinha 7 anos morto sair de um lugar tenebroso no qual estava sofrendo. Santa
Perpétua reza pelo descanso eterno de sua alma e depois de ser escutada pelo
Senhor, tem uma segunda visão onde vê a seu irmão são e em paz, porque sua pena
tinha sido retificada.
"Sem nenhuma demora, nesta mesma noite, isto foi mostrado a mim em
uma visão. Eu vi a Dinocrate saindo de um lugar tenebroso, onde estavam também
outras pessoas, e ele estava ressecado e com muita sede, com uma aparência suja
e pálida, com a ferida de seu rosto que possuía quando havia falecido.
Dinocrate tinha sido meu irmão na carne, faz sete anos, que morreu de uma
doença terrível... Porém eu confiei que minha oração tinha ajudado a seu sofrimento,
e rezei por ele cada dia até que nós passamos ao campo de prisioneiros... fiz
minha oração por meu irmão dia e noite, gemendo e lamentando que me fosse
atendido. Então, um dia, estando ainda prisioneiros isto foi mostrado a mim. Vi
que aquele lugar tenebroso que tinha observado anteriormente estava agora
iluminado, e Dinocrate, com um corpo limpo e bem-vestido, estava procurando
algo para refrescar-se. E onde havia estado a ferida, eu vi uma cicatriz; e
esta piscina que tinha visto antes, vi seu nível diminuído até o umbigo do
rapaz. E alguém extraía água dela incessantemente, e próximo à borda havia um
copo cheio de água; e Denocrate se aproximou e começou a beber desta água, e o
copo não esvaziou. Quando ele estava satisfeito, foi embora da água para
brincar felizmente, como fazem as crianças, e então despertei. E logo entendi
que tinha sido tirado do lugar do castigo".
(Paixão de Perpétua e Felicidade, 2: 3-4 Traduzido desde ANF,
III:701-702 http://www.ccel.org/print/schaff/anf03/vi.vi.iv )
Pois bem, propomos um exercício de imaginação. Se o leitor
for uma pessoa sensível, aconselho a não prosseguir com a leitura, mas que não
esqueça de rezar pelas almas do purgatório. Os que permanecem, prossigamos.
Podemos lembrar de um ente querido, seja uma mãe, pai, filho, esposo, amigo...
aquela pessoa a quem mais amamos ou estimamos. Veja que por um acidente, esta
pessoa está em uma pequena casa, trancada sem poder sair de nenhuma maneira
deste lugar. O lugar é pequeno, fechado, sem comodidade, nem água e nem comida.
Por um acidente, como uma explosão de um botijão de gás, vemos a casa tendo um
perigoso incêndio. Este ente querido, está dentro, sentindo cada vez mais o
aumento do fogo em seu corpo. Ele pede socorro, existe apenas nós mesmos que
podemos livrá-lo daquela situação. Entretanto o fogo permanece queimando, e o
ente querido não morre, apenas sente o fogo queimando intensamente a todo
momento com uma forte intensidade como se estivesse a cada momento para morrer.
A esperança dele de que alguém o livre, é quase uma esperança desesperadora, e
apenas pode dizer algumas palavras em pedido de ajuda. Pois bem, este ente
querido é qualquer alma do purgatório que está neste momento esperando para que
possamos levar a água que apague este incêndio quase desesperador. Sem demônios
ou anjos torturadores, mas com esta grande dor. Acrescento ademais, podemos ser
nós mesmos em algum futuro não muito longínquo.
Peçamos a Deus e Santíssima Virgem Maria, para que nos dê a
graça de sempre estarmos oferecendo orações, sufrágios e sacrifícios pelas
santas Almas do purgatório, se um dia virmos a provavelmente estarmos naquela
estadia e necessitarmos de orações, a Divina Providência possa se dignar a nos
socorrer com o sufrágio de outras pessoas. Que Deus os abençoe!
Pe. Charbel Santana, SSSp